Ontem comecei o meu dia com um tour pela nossa Capital. Brasília é tão linda, tão agradável e com uma arquitetura impressionante. E pra ficar mais agradável, o outono começou muito bem com uma chuvinha pra refrescar e preparar o terreno para uma nova estação.
Apesar de não ter planejado o passeio, não pude deixar de admirar a grandeza de Brasília. Passando pelo Eixo Monumental, pude observar as obras faraônicas da reforma do nosso estádio de futebol, os tão falados preparativos para a Copa do Mundo que está bem ali, em 2014.
Descendo um pouco mais, pude avistar a tão bela Fonte da Torre de TV, linda, deslumbrante, as águas mais pareciam uma explosão, numa sintonia quase que perfeita. Um balanço de movimentos que mais parecia uma dança.
E foi descendo mais, que avistei a Esplanada dos Ministérios, mas não pude, desta vez, chegar tão perto dela, pois o meu destino naquela manhã era outro.
Estava muito bom descrever a parte alta da nossa Capital, mas a realidade era um pouco mais ‘embaixo’. Estava a caminho do Hospital de Base, levando meu pai, na tentativa de um atendimento devido a um incidente ocorrido. Nada grave, mas que precisava de uma análise médica, caso contrário, o tour poderia ter se dado em outra ocasião.
Antes de irmos àquele hospital, passamos em outro, e a resposta veio um tanto que imediata do serviço de Informações do tal Hospital: “...não temos médico hoje, para atendimento.” Foi aí que começamos o nosso passeio.
Partimos em destino ao Hospital de Base, e a resposta foi um pouco diferente: “Senhora, peça ao seu pai para se sentar ali, bem ali atrás daquela linha verde, e dirija-se à sala à sua esquerda para uma avaliação para saber se será possível o atendimento”. A presteza daquela atendente me chamou a atenção. Não que a do hospital anterior tenha sido diferente, não, não posso tirar o mérito da gentileza de ambas, e isso não é ironia. Foi aí que me dirigi àquela sala, e a frustração foi maior: não poderíamos ter atendimento uma vez que o hospital anterior, sim, aquele em que não havia médicos para atendimento, era ali aonde deveríamos ser atendidos. Enfim... apenas um pequeno relato de um ping-pong um tanto desagradável.
Diagnóstico médico: Nenhum, pois não foi possível o atendimento durante toda uma manhã.
Este é apenas um relato de uma criatura completamente indignada, frustrada, decepcionada e toda sorte dos ‘adas’ possíveis em uma situação como esta, em que se encontra a nossa tão amada Capital Federal.
Agora me sinto à vontade pra fazer um desabafo:
Para onde estão voltados os olhos dessas criaturas que o povo brasileiro, especificamente o povo que mora aqui, no centro do poder, elegeu nesses últimos anos? Que raio de cegueira é esta dessas criaturas que não conseguem enxergar o que o povo enxerga?
Para onde estão indo as verbas se não estão nem em hospitais, nem nas escolas, muito menos no transporte público e piorou na dignidade que merece o povo?
Ontem, após passar por toda essa situação desagradável, tive a infelicidade de ler uma publicação de um certo deputado eleito dizendo que estava indo ‘votar’ a lei que proibia a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol durante a copa de 2014. Pelo amooooooooooor de Deus! Pra que isso? Para evitar a violência?
E quem evita a violência que sofremos nos hospitais com tanto desrespeito? E quem vota para um salário decente para professores? E quem vota por condições de trabalhos dignas para profissionais tanto da educação, como da saúde?
É muito duro ter que andar pela EPTG e ver a quantidade de ‘Pardais’ que estão sendo remanejados, colocados, seja lá qual for a justificativa. Segurança no trânsito? Por favor, não subestimem a nossa inteligência. Não tentem nos engabelar achando que não conhecemos que a finalidade nunca foi e nunca será manter a segurança do pedestre, ou do condutor, ou de quem quer que utilize essas vias! Nosso dinheiro já não é empregado em tantos e tantos e tantos impostos, por que não mais uma ‘multa’ por excesso de velocidade, ou por transitar em uma via exclusiva e muito mal planejada para ônibus... Por que não?
Não vou nem falar de segurança. Por que não há segurança, nem que todas as polícias se agrupem em uma operação gigantesca, seria suficiente pra deter a violência que sofremos nos supermercados, com os preços cada vez mais gritantes.
E o transporte público? Que raio de ônibus são esses que estão nas ruas? Quando não quebra, o cidadão chega cansado ao seu destino, tamanho desconforto. Com o valor da passagem, que ouvi dizer ser a mais alta do País, o cidadão merecia ao menos respeito neste tipo de serviço. A lei da troca.
Lamentável. Muito. As ‘criaturas’ que elegemos com a expectativa de alguma melhora, de olho em algumas promessas e necessidades, hoje, nos devem o mínimo de decência, o que não nos é revelado um minuto sequer.
Mas como diz o meu pai, 2014 está se aproximando. É ano de Copa do Mundo pra que a gente tenha uma folga em meio a tanto descontentamento e seja feliz com esse grande evento. Mas é também ano das Eleições, e vou esperar pacientemente, o dia em que um ‘bendito’ de um candidato nessa tão suja política do nosso país, me procure para pedir um voto ou expor suas expectativas ou até mesmo suas promessas. Ah, vou esperar e já tenho a minha resposta na ponta da língua.
Aquela frase que tem em nossa moeda “DEUS SEJA LOUVADO”, poderia ser substituída pelo apelo “DEUS TENHA MISERICÓRDIA DESTA NAÇÃO”. Facilmente.
Enfim... digo com propriedade que no dia de ontem, eu preferia ficar na parte linda da cidade, aproveitando o ótimo clima e admirando o lado bom de morar aqui!
Agora, no final das contas, quem é mesmo que vai pagar a conta da gasolina que gastei hoje no tour pelos hospitais?
Soninha Nobre