Frio. Como a temperatura tem caído! O inverno se aproxima, o grande inverno das incertezas e do medo. Os dias são nebulosos e o sol parece que nunca mais vai aquecer. Quem nunca se sentiu assim, nu em meio a uma tempestade de neve?
Parece drama, mas é 2016.
Esse frio tem tomado conta da vida das pessoas rompendo até mesmo o calendário das estações. Uma sequência de más notícias ecoam por todos os lados em uma frequência absurda; dor, fome e guerras repercutem numa naturalidade medonha, como já sendo parte da nossa rotina; as más notícias violam nossa serenidade. Os rumores de dias piores ameaçam nossa paz. Tem sido assim todo o tempo.
A humanidade caminha para a destruição. Seria esse um Post apocalíptico?
Quantos de vocês tem percebido que o amor tem sido cada vez mais raro, a frequência com que o ódio (em todos os níveis) tem se espalhado? Não digo sobre inúmeros casos de homofobia, intolerância religiosa, xenofobia e por aí vai, digo o amor entre humanos, no geral. Quantos relacionamentos se perderam? Quantas pessoas ultrapassaram o limite alheio desrespeitando e destruindo histórias? Quantas pessoas brincam com sentimentos dos outros como se fossem bola em partida de futebol? Aos chutes? Quantos de nós tem alguma história com final trágico nesses últimos tempos?
Não é drama. É 2016.
Não sei você, mas muitas vezes me pego pensando no passado e me pergunto quando foi que a vida fez uma curva tão brusca, e as coisas mudaram tanto de direção? Em que momento da história tudo mudou tão duramente?
Será que as pessoas perderam a sensibilidade? Quando foi que as pessoas se tornaram tão frias e insensíveis? Quando foi que seres humanos de opiniões diferentes se tornaram inimigos? Quando foi que debates sobre estupro, corrupção, política, racismo, religião, sexualidade e outros viraram sinônimo de desrespeito?
Talvez tenha me perdido no tempo e perdido também muitos parágrafos da história, mas prefiro voltar às linhas onde as pessoas eram mais humanas e menos egoístas, onde elas vestiam mais que humilhavam, acolhiam mais que julgavam e ensinavam mais do que oprimiam. Isso não tem absolutamente nada a ver com concordar com o que é errado. Isso é somente sobre humanidade. Os dias têm sido difíceis demais para que, ao final dele, deguste um banquete de tragédias e derrotas impostas. Os dias têm sido duros demais para que a última palavra a ouvir antes de deitar a cabeça no travesseiro seja negativa; os dias têm sido pesados demais para que... O amor tenha se esfriado tanto.
Hoje, só hoje, ao menos hoje, não quero ampliar a voz dos que propagam más notícias; hoje, ao menos hoje, não quero ler relatos tristes e cruéis de uma sociedade que a cada dia tem se tornado mais fria; hoje, ao menos hoje, não quero ouvir ou ler nada mais que tentem tirar a minha fé em dias melhores.
Hoje, quero me deitar com a mesma certeza de todos os dias... Que um dia, Ele enxugará dos olhos toda a lágrima.