segunda-feira, 30 de maio de 2016

O TERRÍVEL INVERNO DO MEDO

Frio. Como a temperatura tem caído! O inverno se aproxima, o grande inverno das incertezas e do medo. Os dias são nebulosos e o sol parece que nunca mais vai aquecer. Quem nunca se sentiu assim, nu em meio a uma tempestade de neve?
Parece drama, mas é 2016. 
Esse frio tem tomado conta da vida das pessoas rompendo até mesmo o calendário das estações. Uma sequência de más notícias ecoam por todos os lados em uma frequência absurda; dor, fome e guerras repercutem numa naturalidade medonha, como já sendo parte da nossa rotina; as más notícias violam nossa serenidade. Os rumores de dias piores ameaçam nossa paz. Tem sido assim todo o tempo. 
A humanidade caminha para a destruição. Seria esse um Post apocalíptico?
Quantos de vocês tem percebido que o amor tem sido cada vez mais raro, a frequência com que o ódio (em todos os níveis) tem se espalhado? Não digo sobre inúmeros casos de homofobia, intolerância religiosa, xenofobia e por aí vai, digo o amor entre humanos, no geral. Quantos relacionamentos se perderam? Quantas pessoas ultrapassaram o limite alheio desrespeitando e destruindo histórias? Quantas pessoas brincam com sentimentos dos outros como se fossem bola em partida de futebol? Aos chutes? Quantos de nós tem alguma história com final trágico nesses últimos tempos?
Não é drama. É 2016. 
Não sei você, mas muitas vezes me pego pensando no passado e me pergunto quando foi que a vida fez uma curva tão brusca, e as coisas mudaram tanto de direção? Em que momento da história tudo mudou tão duramente?
Será que as pessoas perderam a sensibilidade? Quando foi que as pessoas se tornaram tão frias e insensíveis? Quando foi que seres humanos de opiniões diferentes se tornaram inimigos? Quando foi que debates sobre estupro, corrupção, política, racismo, religião, sexualidade e outros viraram sinônimo de desrespeito? 
Talvez tenha me perdido no tempo e perdido também muitos parágrafos da história, mas prefiro voltar às linhas onde as pessoas eram mais humanas e menos egoístas, onde elas vestiam mais que humilhavam, acolhiam mais que julgavam e ensinavam mais do que oprimiam. Isso não tem absolutamente nada a ver com concordar com o que é errado. Isso é somente sobre humanidade. Os dias têm sido difíceis demais para que, ao final dele, deguste um banquete de tragédias e derrotas impostas. Os dias têm sido duros demais para que a última palavra a ouvir antes de deitar a cabeça no travesseiro seja negativa; os dias têm sido pesados demais para que... O amor tenha se esfriado tanto. 
Hoje, só hoje, ao menos hoje, não quero ampliar a voz dos que propagam más notícias; hoje, ao menos hoje, não quero ler relatos tristes e cruéis de uma sociedade que a cada dia tem se tornado mais fria; hoje, ao menos hoje, não quero ouvir ou ler nada mais que tentem tirar a minha fé em dias melhores.
Hoje, quero me deitar com a mesma certeza de todos os dias... Que um dia, Ele enxugará dos olhos toda a lágrima.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

CEGO POR OPÇÃO



Os meus quase dois graus de miopia me privam de certas coisas quando estou sem meus óculos, os detalhes de uma paisagem, o reconhecimento de alguém conhecido a uma certa distância e até mesmo o destino do ônibus que está impresso no letreiro. É a dura vida de alguém que não possui uma visão em seu perfeito estado. Um universo inteiro por trás de lentes.
Isso foi apenas para introduzir um tipo de cegueira, aquela oriunda de uma paixão. Um universo inteiro por trás de uma paixão. É um tipo de cegueira que não só faz com que o indivíduo perca detalhes importantes da vida, momentos especiais ou boas oportunidades, como faz com que boa parte dela (da vida) passe desapercebida, e não há como voltar atrás. Ao cego pela paixão falta a concepção do certo e do errado, tudo, relacionado à outra pessoa é demasiadamente correto, mesmo que prejudique a si mesmo e a dezenas de pessoas à sua volta; ao cego pela paixão falta a sensibilidade pelas pequenas coisas da vida, trocadas pela simples companhia do outro; ao cego pela paixão falta a certeza de um futuro abundante de sorrisos, abandonados por migalhas de momentos; ao cego pela paixão falta o amor próprio que tanto fere o interior e destrói tudo, inclusive autoestima; ao cego pela paixão falta o amor, principalmente por si. 
O amor é algo tão sublime que não cega, pelo contrário, aguça a visão pelas pequenas lindas coisas da vida, pelos sorrisos e olhares que tornam mais leves os dias; pelos abraços que fazem com que se percam todos os medos, e, mesmo que eles não se vão, ensina a não ser dominado mais por eles; o amor é sublime. A paixão é mal educada, não pede licença e nem cumprimenta, e ao se despedir, despede-se da maneira mais avassaladora e cruel que existe; cruel pois afasta suas vítimas das coisas e pessoas importantes até então em suas vidas, afasta dos amigos, da família, dos prazeres e afazeres; faz com que até o brilho da lua tão apaixonante e ora admirada se perca, se ofusque. A paixão afasta e torna indivíduos vulneráveis, e quando ela se vai, resta uma solidão gritante que ecoa de forma ensurdecedora em tudo o que se perdeu no auge dela. 
Não se permita ser vítima de cegueira. Apaixone-se sim, mas deixe ser guiado pelo amor, ele sim não te deixará abrir mão do que te faz feliz. 
Se a sua paixão te causou cegueira, porém passou, corra atrás do que ela te fez perder, ou do que vc a permitiu que perdesse. Corra atrás de concluir aquele curso de inglês inacabado, aquela graduação tão sonhada porém abandonada, aquela viagem dos sonhos, até mesmo aquela corridinha que te fazia tão bem.
Corra atrás do que te fez feliz um dia e que você não sabe mais o que é sentir. Nunca é tarde para um recomeço, nunca é tarde para voltar a enxergar!