segunda-feira, 30 de abril de 2012

DOIS FILHOS DE MIRO


Sou fascinada por histórias. Se elas são reais então, conseguem ser mais fascinantes ainda. Até alguns filmes quando baseados em fatos reais, são mais interessantes.
A verdade é que as histórias, quando bem contadas, despertam em nós muitas emoções, nos comovem, nos fazem refletir e sorrir.
E hoje talvez eu não consiga despertar em você alguma dessas emoções, mas posso lhe assegurar que você vai gostar de conhecer essa história que vou relatar, história essa que mudou a vida de uma porção de gente, inclusive a minha.
Então vamos lá...
Todo mundo tem um exemplo a seguir, uma referência, um ícone em quem se espelhar às vezes. Pode ser alguém próximo, ou não; pode ser que seja uma personalidade da mídia, um autor ou até mesmo um personagem de algum livro. Não importa quem seja ou como seja a sua referência, mas é bom ter alguém para aprender com seus exemplos.
A história que vou contar é em dose dupla. Sim, gêmeos com uma história nada mais ou nada menos que incrível. São eles Santão e Santino, meu pai e tio-pai, nesta ordem. 
A história se deu em 1946 no sertão Nordestino. Era dia 1º de maio, dia do trabalhador, e Deus presenteou aquele sertão com duas crianças com garra de trabalhadores.
Maria Matilde dá a luz a crianças idênticas, univitelinas, muito miúdas e sem perspectiva alguma de vida ou de um futuro, devido às condições que aquela família vivia, na época. O cenário era Patu/RN, mais tarde seguiriam para o Ceará para só então depois fincarem as raízes no sertão Paraibano. 
Foi lá que eles cresceram e viveram tempos de privação, dor e muito, mas muito trabalho mesmo. 
Talvez a ideia de privação que você tenha seja algo relacionado ao que comer, o que não deixa de ser real, mas as privações que aqui vou relatar, vão muito além de uma refeição.
O velho Miro e Maria Matilde, sertanejos pioneiros, nunca permitiram que o trivial faltasse no prato, porém, mordomia e fartura não eram uma realidade para aquela família. Além de Santão e Santino, haviam até então 4 crianças mais velhas, e uma delas com apenas 1 aninho de vida. Facilidade não era uma palavra muito compreendida por eles, e não seria diferente para Santão e Santino. 
Eles cresceram com saúde e muita disposição. Eram crianças alegres e cheias de energia, até demais para as histórias que já ouvi. Santão chamava Santino de "RimRim" e este, por sua vez, chamava Santão de "NãNãe", e ambos viviam numa sintonia impressionante; não saíam de perto um do outro a não ser que o velho Miro levasse um deles, e apenas um, para acompanhá-lo na cidade em alguma compra, o que era um programa divertidíssimo para as crianças. Porém, o que ficava em casa, chorava de forma inconsolável. 
O fato que vou relatar, acredite, não está carregado de uma só vogal de exagero. As grandes indústrias de calçados deveriam ter conhecimento desse fato:
Com apenas 3 anos de idade, Santão e Santino nunca haviam possuído um par de chinelos. Chinelos mesmo, desses que chamamos de "As legítimas", "chicão", enfim... Certo dia, o velho Miro encontrou em algum lugar um ótimo achado, uma espécie de pedaço de couro semelhante a um "solado" de calçado, e acredite, ele recortou-o no formato de chinelos dos pés de Santão e Santino e colocou nelas "correias", os chamados currulepes. Mas o inesperado aconteceu, ao invés de 4 sandálias, ou seja, 2 pares, o couro só deu para fazer 3. Um deles ficou com apenas um dos pés calçado, e com toda a alegria e satisfação do mundo ao olhar fixamente só para aquele pé calçado, o único, como fazemos quando colocamos sapatos novos, aqueles que desejamos muito, permaneceu alegre. 
Realidade difícil, principalmente para duas crianças tão pequenas que viviam em meio a tanta dificuldade. Com um detalhe importante: eram felizes.
O propósito do relato não é despertar em ninguém nenhum tipo de sentimento do tipo "Poxa, que triste!", "Tadinhos deles" ou "Pobrezinhos!", não. Se há um propósito é de mostrar que um grande exemplo de vida é possível sim, mesmo quando as condições, o meio e a sociedade ditam o contrário. 
Esses exemplos bastaram? Ainda não, tenho outros. 
Santão e Santino cresceram, brincaram, sorriram, choraram, sofreram privações mas foram muito felizes. No decorrer dos anos deixaram a casa dos pais e partiram para construir suas próprias famílias, perderam seus pais, o irmão mais velho, cunhado. Passaram alguns outros anos, perderam outro irmão amado, um cunhado/irmão e por aí seguem suas vidas, demonstrando bravura mesmo em meio à dor.
Hoje, eles se emocionam com facilidade ao ver seus filhos traçando caminhos vitoriosos, de conquistas e determinados a irem além. Seus netos? Crescendo cercados de mimos, presentes, estudos, calçados de inúmeros tipos, cores e modelos, munidos de tecnologias e por aí vai. Se orgulham principalmente ao lembrar que foram vestir a primeira roupa aos 9 anos de idade, e antes disso, andavam nus, ou mal vestidos. 
Santão e Santino tiveram tudo, absolutamente tudo pra ter um futuro triste. 69 anos depois eles não têm formação universitária, nenhum diploma foi emoldurado e pendurado em uma parede bonita, uma carreira de sucesso não foi conquistada, nenhuma grande herança material acumulada e nenhum testamento assinado diante de um tabelião, mas tudo isso foi trocado por uma história que tem rendido muito orgulho e um espelho sensacional para o futuro de muitas famílias. 
É com todo amor e orgulho que apresento a vocês, nos seus 69 anos, grande parte de mim: Santão e Santino! 


Atualizada em 1 de maio de 2015.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tente outra vez.


Fazer planos é algo quase tão natural quanto respirar. Costuma-se fazer planos para quase tudo na vida, e, antes mesmo que haja uma própria vida, os pais já haviam feito planos, ainda quando existiam apenas embriões.
É. É algo quase natural. 
Natural fazer planos para um final de semana ou feriado, afinal, não é todo mundo que se dá bem lançando os dias ao acaso. É natural planejar uma viagem, que seja de uma única noite, mas planejar algo, traçar uma rota, estabelecer metas, é quase como uma oração inicial em quase tudo que se faz.
Tudo bem que existem alguns casos em que não se planeja nada, e o resultado final é surpreendente. Mas, não é sempre que podemos confiar no acaso. 
Enfim, planejar é preciso, mas infelizmente não é uma garantia de que as coisas vão sair à maneira como esperamos, ou planejamos. 
Infelizmente, e infelizmente mesmo, podemos nos frustrar com os resultados, e até mesmo como o 'não acontecimento' do que planejamos. 
O emprego pode não sair; a conta pode não se paga; o dinheiro pode não surgir; a cura pode não vir; a gravidez pode não acontecer; o pedido pode não ser feito; as flores podem não chegar; o perdão pode não ser liberado; a dor pode não passar; o milagre pode não acontecer. 
Sim, infelizmente as coisas podem não acontecer. 
Mas não é porque as coisas não acontecem como planejamos que a frustração pode chegar e se instalar. Não. Nós podemos sim aprender com as negativas da vida e tirar algo bom disso.
É certo que algumas delas podem gerar dor, e é certo também que algumas dores analgésico algum faz passar, mas também é certo que nos momentos de maior dificuldade, o processo de aprendizado fica um pouco mais acelerado, e isso compensa muito no final.
Algumas negativas vem para nos fazer sair um pouco do comodismo. Comodismo de se planejar e sair tudo certinho. Fazemos uma espécie de Check List e vamos conferindo item por item, e pode acontecer de falharmos em algum aspecto, então é a nossa oportunidade de parar, analisar, e retomar. 
Erros só existem para nos fazer pensar, nos ensinar, e nos impulsionar a torná-los em acertos em uma nova oportunidade. Mas mesmo errando e recebendo inúmeros 'NÃO's', vale à pena planejar, uma, duas, três e até mais vezes. O que não podemos é desistir e arquivar algo que em um primeiro momento não deu certo. 
Já parou para pensar como seria se Thomas Edison tivesse desistido da invenção da lâmpada na primeira falha? Se a Coca-Cola não tivesse tentado, tentado, tentado até criar aquele antidotozinho pretinho que quase ninguém vive sem? E se Cristo tivesse desistido da Cruz? 
Há sempre uma nova tentativa, uma nova invenção, uma nova escolha! 
De uma coisa eu sei... que quando as coisas não seguem da maneira que queremos, algo bom nos aguarda à frente, e desta vez, bem melhor do que planejamos.
Beeejo

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sobre o amor

Hoje resolvi escrever sobre um sentimento que move muita gente, move muitas coisas, move o mundo, move tudo.
Eu me alimento de amor. E o que é o amor?
Amar é ter paz, pois aonde há amor, se é amor, há paz; amor é mais do que dinheiro; amor é vontade de sorrir o tempo todo, de chorar quando se sente saudade; amar é distribuir sorrisos só de pensar em certo alguém;
Amar é estar perto, é a dor de se estar longe; não me refiro apenas ao amor entre um homem e uma mulher. Amor, pode ser de todos os tipos. Amor é algo tão intenso, que em alguns casos até deixar é amar. Sim, deixar é amar. Deixar alguém livre quando o amor desse outro alguém já não é tão forte, se o amor ainda restou para alguém, esse alguém é capaz de deixar, só por amar. 
É muito gostoso amar. Quando o amor começa a acontecer, é algo muito mágico. É se sentir sem controle nas pernas e nas mãos, quando o alvo desse possível amor se aproxima; é a vontade de esticar o braço pra tocar a pessoa, só tocar; e quando começa a acontecer, o indivíduo começa a achar que tudo que o outro faz é um sinal ou uma pista; é ter a preocupação quase idiota de dizer apenas coisas que não ferem; é não se importar com o que façam com você, mas não sentir a mínima vontade de deixar ir; é sentir a falta do outro, mesmo se ausentando por tão pouco tempo; 
É amor de Deus, de mãe, pai, de irmãos, de amigos, dos amantes. É amor. 
Pode-se ter tudo, mas sem amor, nada se tem. 
Se é amor, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
E isso acaba? Depende de você. Tudo isso pode sim durar pra sempre, como também durar pouquíssimo tempo. Isso é amor. 
O amor é basicamente isso, ou já não sei mais o que é amor. 

Muito amor pra todos nós!
Beeejo



domingo, 15 de abril de 2012

Redenção.

Uma dica super especial pra quem gosta de um bom filme. Na verdade, um excelente filme.
Redenção é um filme, baseado em fatos reais, onde Sam Childers (Gerard Butler), depois de sair da prisão, se converte e vira pastor, e, em seguida, passa a fazer trabalhos voluntários na África. O que inicialmente seria uma curta temporada para reconstruir casa na devastada Uganda, se transforma em um envolvimento político no Sudão. Enquanto espera por apoio financeiro para ajudar crianças desabrigadas e levantar armas contra os rebeldes no poder, Sam encara novos dilemas: dar atenção à sua família, manter a sua fé e confrontar um passado violento que ele pensava ter deixado para trás.

O filme é uma verdadeira lição, especialmente para nós cristãos, que deveríamos sacrificar mais por pessoas que precisam tanto de nós, elas declarando ou não a mesma fé que nós.

Preparem-se para chorar com essa história emocionante. E não deixem de ver o depoimento do verdadeiro Sam Childers, ao final dos créditos.


Bom filme!!!

Beeejo

sábado, 7 de abril de 2012

A escolha de ficar, é sua.

           Pode haver tragédia maior, que alguém a quem amamos muito, seja tirado fatal e brutalmente de nós? Poderia ter havido tragédia maior para João que um Jesus morto? Três anos antes dera as costas à sua carreira e unira seu destino ao desse carpinteiro nazareno. No começo da semana, alegrara-se numa parada, enquanto Jesus e os discípulos entravam em Jerusalém. As coisas tinham mudado depressa! As pessoas que, no domingo, haviam-nO aclamado rei, bradaram por Sua morte na sexta-feira. Estes linhos eram uma lembrança tangível de que seu amigo e seu futuro estavam envoltos em panos, e selados atrás de uma pedra.
            João não entendia, naquela sexta-feira, o que você e eu sabemos agora. Não compreendia que a tragédia daquela sexta-feira seria o triunfo do domingo. Mais tarde confessaria que “ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos” (Jo 20:9). João, simplesmente não sabia. É por isso que o que ele fez no sábado é tão importante.
            Nada sabemos sobre este dia; Nada sabemos sobre aquele sábado; não temos uma passagem para ler, nem conhecimento a partilhar. Tudo o que compreendemos é que, quando o domingo chegou, João ainda estava presente. Quando Maria Madalena foi procurar por ele, encontrou-o.
            Jesus estava morto. O corpo do Mestre estava sem vida. O amigo e o futuro de João estavam sepultados; mas João não fora embora. Por quê? Porventura esperaria pela ressurreição? Não. Até onde sabia, os lábios foram para sempre silenciados, e as mãos, para sempre paradas. Para sempre. Não aguardava uma surpresa dominical. Então, por que estava ali?
            Era de se pensar que tivesse partido. Quem sabe se os homens que crucificaram a Cristo não iriam atrás dele e dos demais discípulos? A multidão estava contente com uma crucificação, por que não mais outras? Os líderes religiosos poderiam ter pedido mais uma. Por que João não saiu da cidade?
            Talvez a resposta seja pragmática; provavelmente naquele momento cuidasse da mãe de Jesus. Ou, quem sabe, não tivesse outro lugar para ir. Pode ser que não possuísse dinheiro, ou forças, ou coragem, ou direção... ou nenhuma dessas coisas.
            Ou, talvez, demorou-se porque amava demais a Jesus e a sua ficha ainda não tivesse caído.
Para os outros, Jesus era um operador de milagres. Para os outros, Jesus era um grande Mestre. Para os outros, Jesus era a esperança de Israel. Mas para João, era tudo isto e mais. Para João, Jesus era um amigo.
            Você não abandona um amigo – nem mesmo quando ele está morto. João ficou perto de Jesus até o fim; e mesmo depois do suposto fim.
            Ele tinha o hábito de fazer isto. Estava perto de Jesus no cenáculo. Estava perto de Jesus no Jardim do Getsêmani. Estava aos pés da cruz, na cena da crucificação, e achava-se a uma curta caminhada da tumba, no sepultamento.
            Ele entendeu Jesus? Não.
            Estava contente por Jesus ter morrido? Não.
            Mas ele deixou Jesus? Não.
             E você? Quando se encontra na posição de João, o que faz? Quando é sábado em sua vida, como reage? Quando está em algum lugar entre a tragédia de ontem e o triunfo de amanhã, o que realiza? Deixa Deus ou fica perto Dele?
          João escolheu ficar. E porque ficou no sábado, estava por perto no domingo para ver o milagre...
            Escolha ficar. Deus pode pegar o que hoje é um símbolo de tragédia e transformá-lo em um símbolo de triunfo. Sim, Ele pode. Mas a escolha de ficar é sua.

Trecho extraído do livro Ele Escolheu Os Cravos – Max Lucado e adaptado por Soninha Nobre.