quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Carta aberta a Espedido Nobre

Essa noite sonhei com meu vô Espedito Nobre, meu "pai véi", como chamávamos quando éramos pequeninos. Ele partiu para a eternidade em 5 de março de 2007, e de lá pra cá nunca deixamos de sentir sua falta, um só dia que fosse. No sonho, ele não havia morrido, tinha se mudado para um lugar longe, outro país, e por isso não o víamos mais. 
Quando despertei desse sonho estava atrasada para o trabalho, mas senti uma saudade tão grande e resolvi brincar com esse sonho, escrevendo uma carta pra ele, como se ele estivesse em algum lugar onde um carteiro pudesse chegar. Abaixo, minha carta, porém peço que desconsiderem o excesso de insanidade e emoção.



Brasília, 18 de setembro de 2014.


Oi Vô! Como você está? Hoje fazem 7 anos, 6 meses e 13 dias que você se mudou pra esse lugar aí, e, espero que ele seja maravilhoso mesmo como dizem, pra ter que nos largar aqui nessa saudade doida e sem você por perto.
Continua cheiroso? Os perfumes aí são como os que eu te dava pra ficar sempre perfumado? Ainda posso sentir o seu cheiro... 
Por aqui não anda nada bem viu vô, mas não quero te deixar preocupado. Temos aprendido a nos virar sozinhos e, aos trancos e barrancos, ainda conseguimos fazer um bom bife e um rubacão parecidos com o seu, mas não iguais. E Tia Fátima ainda continua fazendo bolos de caco maravilhosos. 
As coisas aqui mudaram demais, demais mesmo. Depois que você partiu, alguns dos seus netos se casaram, e outros deles vão se casar nos próximos meses. Daríamos tudo pra tê-lo aqui para celebrar conosco esses momentos. Ah, também nasceram lindas e abençoadas criancinhas, seus netos, Pietra, João Roberto e Israel, e seus bisnetos Nanda, Murilo, Biel, Pedro, Isabela, Eduarda, Larissa, Bianca... todos eles são lindos e maravilhosos, acrescentaram uma alegria imensa à nossa família. 
Depois que você se foi, não nos reunimos mais com tanta frequência, e algumas coisas infelizmente se perderam, mais do que gostaríamos ou esperássemos. Acho que em algum momento, todos nós demos umas vaciladas e acabamos magoando uns aos outros, mas aos poucos temos procurado consertar as coisas. Mas... é complicado. Se você estivesse aqui muita coisa teria sido evitada, mas jamais vou culpa-lo por isso. Você cumpriu seu tempo conosco... mesmo achando que você poderia permanecer mais 100 anos aqui, acho que seria o suficiente.
Vô, algumas pessoas também foram embora, partiram daqui. Alguns amigos seus, parentes, e ontem, um grande e admirável amigo, Tico... Chico crente, lembra? Pois é, a partida dele está nos causando uma dor imensa. Mas vai passar e sei que vai ficar uma saudade, como essa que nos castiga todos os dias! 
Vô, muitos dos seus netos se formaram, e outros estão caminhando pra se formar. Você fez falta em algumas formaturas viu? E como!
Ah, não adiantou correr atrás de mim com aquela barata viu, ainda continuo com muito medo, talvez mais. Mas tenho algo bom pra te falar, a seleção masculina de vôlei do Brasil está nas semi-finais do mundial, e não há um sequer que assista aos jogos e não se lembre quando você nos acordava de madrugada pra ver os jogos. É a sua cara! Obrigada por ter nos dado essa paixão. Você ia gostar dessa nova seleção, estão excelentes!
Ah vô, ia me esquecendo de dizer, lembra da minha prima Leila? Filha de Luis e Santa? Ela venceu bravamente um câncer de mama vô, e hoje está feliz, curada e mais forte que antes! Que coisa maravilhosa né? 
Quero que você saiba que sinto sua falta todos os dias. Já passamos por tantas coisas aqui. Tantas. Todos nós sentimos. Seus filhos choram a sua falta sempre que se encontram. Você é e sempre será um pedaço de nós, e mesmo que percamos tudo, esse pedaço sempre estará aqui. 
Te amo, pra sempre, e um dia iremos nos encontrar. 
Um beijo, e um cheiro, meu veinho!!!

Sua neta magrela, sua beleza, Soninha.