Essa
noite sonhei com meu vô Espedito Nobre, meu "pai véi", como
chamávamos quando éramos pequeninos. Ele partiu para a eternidade em 5 de março
de 2007, e de lá pra cá nunca deixamos de sentir sua falta, um só dia que
fosse. No sonho, ele não havia morrido, tinha se mudado para um lugar longe,
outro país, e por isso não o víamos mais.
Quando
despertei desse sonho estava atrasada para o trabalho, mas senti uma saudade
tão grande e resolvi brincar com esse sonho, escrevendo uma carta pra ele, como
se ele estivesse em algum lugar onde um carteiro pudesse chegar. Abaixo, minha
carta, porém peço que desconsiderem o excesso de insanidade e emoção.
Brasília,
18 de setembro de 2014.
Oi
Vô! Como você está? Hoje fazem 7 anos, 6 meses e 13 dias que você se mudou pra
esse lugar aí, e, espero que ele seja maravilhoso mesmo como dizem, pra ter que
nos largar aqui nessa saudade doida e sem você por perto.
Continua
cheiroso? Os perfumes aí são como os que eu te dava pra ficar sempre perfumado?
Ainda posso sentir o seu cheiro...
Por
aqui não anda nada bem viu vô, mas não quero te deixar preocupado. Temos
aprendido a nos virar sozinhos e, aos trancos e barrancos, ainda conseguimos
fazer um bom bife e um rubacão parecidos com o seu, mas não iguais. E Tia
Fátima ainda continua fazendo bolos de caco maravilhosos.
As
coisas aqui mudaram demais, demais mesmo. Depois que você partiu, alguns dos
seus netos se casaram, e outros deles vão se casar nos próximos meses. Daríamos
tudo pra tê-lo aqui para celebrar conosco esses momentos. Ah, também nasceram
lindas e abençoadas criancinhas, seus netos, Pietra, João Roberto e Israel, e
seus bisnetos Nanda, Murilo, Biel, Pedro, Isabela, Eduarda, Larissa, Bianca...
todos eles são lindos e maravilhosos, acrescentaram uma alegria imensa à nossa
família.
Depois
que você se foi, não nos reunimos mais com tanta frequência, e algumas coisas
infelizmente se perderam, mais do que gostaríamos ou esperássemos. Acho que em
algum momento, todos nós demos umas vaciladas e acabamos magoando uns aos
outros, mas aos poucos temos procurado consertar as coisas. Mas... é complicado.
Se você estivesse aqui muita coisa teria sido evitada, mas jamais vou culpa-lo
por isso. Você cumpriu seu tempo conosco... mesmo achando que você poderia
permanecer mais 100 anos aqui, acho que seria o suficiente.
Vô,
algumas pessoas também foram embora, partiram daqui. Alguns amigos seus,
parentes, e ontem, um grande e admirável amigo, Tico... Chico crente, lembra?
Pois é, a partida dele está nos causando uma dor imensa. Mas vai passar e sei
que vai ficar uma saudade, como essa que nos castiga todos os dias!
Vô,
muitos dos seus netos se formaram, e outros estão caminhando pra se formar.
Você fez falta em algumas formaturas viu? E como!
Ah,
não adiantou correr atrás de mim com aquela barata viu, ainda continuo com
muito medo, talvez mais. Mas tenho algo bom pra te falar, a seleção masculina
de vôlei do Brasil está nas semi-finais do mundial, e não há um sequer que
assista aos jogos e não se lembre quando você nos acordava de madrugada pra ver
os jogos. É a sua cara! Obrigada por ter nos dado essa paixão. Você ia gostar
dessa nova seleção, estão excelentes!
Ah
vô, ia me esquecendo de dizer, lembra da minha prima Leila? Filha de Luis e
Santa? Ela venceu bravamente um câncer de mama vô, e hoje está feliz, curada e
mais forte que antes! Que coisa maravilhosa né?
Quero
que você saiba que sinto sua falta todos os dias. Já passamos por tantas coisas
aqui. Tantas. Todos nós sentimos. Seus filhos choram a sua falta sempre que se
encontram. Você é e sempre será um pedaço de nós, e mesmo que percamos tudo,
esse pedaço sempre estará aqui.
Te
amo, pra sempre, e um dia iremos nos encontrar.
Um
beijo, e um cheiro, meu veinho!!!
Sua
neta magrela, sua beleza, Soninha.