Esta manhã acordei assombrada com um sonho ruim às 5h30. Não foi nada relacionado ao fim do sonho do hexa campeonato mundial para a Seleção Brasileira, neste ano. Mas, não consegui mais dormir a partir do momento que comecei a me lembrar disso, e lamentar. No horário de me preparar para o trabalho, levantei, fiz o que devia fazer entre banho, escolher uma roupa e um calçado, me perfumar, tomar o café da manhã e partir para um novo dia de trabalho, afinal, a vida não pára.
No caminho recebo um exemplar de um jornal local. Escuridão. A capa era negra, com apenas um placar aceso ao fundo indicando a quantidade de gols da partida de ontem. Um pesadelo. Difícil de acreditar. Hesitei em abrir o jornal com o pensamento: "já chega, já basta de sofrimento, vamos seguir adiante!" Mas abri, e nas próximas páginas haviam informações do PIB, os atentados contra Israel, e outras coisas mais, inclusive o inquérito aberto sobre a máfia dos ingressos da Copa.
Jamais olhei para o Brasil como apenas o país do futebol, e ele é o país do futebol, mundialmente, mas como amante de um bom futebol e dessa seleção que já nos deu tantas alegrias (e não falo apenas da formação atual), fico triste, e muito, claro. Isso é natural e não é nada de exagero como alguns críticos de plantão já começam a externar.
Perguntei a uma das minhas irmãs: "somos nós que estamos tristes, ou a cidade está mais triste e fria hoje?", ela me responde: "as duas, acho". E é exatamente esse o sentimento, tristeza e frieza.
Ao chegar no prédio onde trabalho, antes de seguir para o hall dos elevadores, vejo um grupo de 3 pessoas com copos de café aos risos, e muitos, e todos com a camisa do Brasil. Pensei, é isso! Isso é torcer de verdade, e não falo de patriotismo que não está diretamente ligado, falo de torcida.
Quantos vascaínos aposentaram suas camisas depois de uma derrota? Quantos flamenguistas abandonaram seu escudo depois de campanhas ruins? Quantos torcedores de times diversos queimaram suas camisas depois de desclassificados?
Quem teve a oportunidade de ir aos estádios ver a alguns jogos deste Mundial, viu o respeito que os torcedores de outros países têm por suas seleções, suas camisas. Andando pela cidade, pós jogos, podia-se ver estrangeiros curtindo as tardes e noites brasileiras, vestindo seu manto, e amando suas seleções. Mas é bom ver que brasileiros também fazem isso, e amam, independente das vitórias ou derrotas.
Meu sentimento hoje, na verdade é saber que o Brasil não leva o hexa, mas leva o título do país que fez e está fazendo, a melhor copa de todos os tempos, e isso não é a opinião de uma brasileira apaixonada pelo seu país, com todas as suas qualidades e seus defeitos, é a opinião do mundo, de grandes críticos estampada nos jornais de maior circulação do mundo, isso mesmo, do MUNDO!
A admiração das pessoas mundo afora pelo Brasil ecoa não pelos estádios maravilhosos que até emocionam quem pisa lá, não por causa do futebol jogado pelos jogadores brasileiros (visto que isso não marcou muitos pontos), ecoa na paixão cantada à capela durante o hino nacional, ecoa na educação e hospitalidade do povo brasileiro ao receber uma diversidade de turista, de toda parte do mundo; são latinos, americanos, europeus, asiáticos, africanos, do norte, sul, oriente, ocidente. Ecoa na grandeza de uma país que é mais do que futebol, na alegria de quem consegue driblar tantos problemas culturais, sociais e econômicos que já vem de tantas épocas, e sorrir diante de um mundo o qual recebe de braços abertos, feito o Cristo lá no Rio. Ecoa através de uma alegria que contagia, através de um sorriso de: "bem vindo ao país da alegria! O Brasil é todo seu!"
A tristeza aliviou, e chorei.
Chorei por me sentir parte dessa parcela que passa a imagem de um povo que ama o seu país, que faz a sua parte para torná-lo um lugar ainda melhor, que ama suas praias, sua cultura, sua história. Aquela parcela que acredita sim que ele pode mudar para melhor, que acredita em um novo tempo, e que, pede a Deus para guardá-lo e abençoá-lo, sempre fazendo a sua parte.
Brasil, eu acredito em você! Viverei para que um dia, meus filhos acreditem e lutem por você!
Sou filha do seu solo, mãe gentil!