Como já havia falado em outra oportunidade, chegar aos 30 foi muito
esperado por mim. Idealizei essa idade como se idealiza um futuro, embora
desconheça as razões. Simplesmente achava lindo esse par de números e almejei
com paixão chegar a ele.
É estranho ver os anos passarem, e preciso confessar que depois dos 20
eles passam muito rápido; acho que de alguma forma inventaram uma nova contagem
de horas, dias e anos pra depois que se completam a tal duas décadas, e essa
velocidade é assustadora!
E como diz um blog do qual sou leitora assídua: de repente trintei! E cá
estou vivendo a minha fase balzaquiana de uma forma muito especial. Não, eu não
tenho 30 anos, já passei deles há alguns meses, estou beirando os 32 e acho que parei de
contá-los com tanta seriedade.
Projetei muitas e muitas coisas pra essa fase, e pretendo viver de forma
intensa cada uma delas. Fiz planos, muitos deles, talvez planos demais para uma
pessoa só, apesar de alguns deles terem sido feitos para compartilhar com outras
pessoas. (que romântico!)
Ouvindo algumas balzaquianas (sim, só ouvi mulheres), algumas me
disseram que, com o passar dos anos se tornaram intolerantes a alguns
comportamentos, opiniões e situações; outras disseram que ficaram mais quietas
e caseiras; algumas se casaram e tiveram filhos; outras continuam solteiras;
umas trocaram uma carreira por mamadeiras e papéis de esposas dedicadas; algumas
conciliaram tudo isso, outras largaram mão de constituir uma família para
arriscar algo novo; outras juntaram quase tudo isso e são completíssimas. E eu?
Eu não fiz quase nada disso aí e mesmo assim me sinto muito livre, e preparada
pra viver algumas delas!
É também engraçado o que o tempo faz com a gente, eu que sempre tive temperamento
um pouco explosivo, conforme crescia, em estatura, conhecimento e maturidade,
fui me tornando um pouco diferente. ( menos bomba atômica e mais reflexão)
Não,
não me tornei em tão pouco tempo um ser humano evoluído de comportamentos
brandos, mas diria que um pouco menos colérica que antigamente. Aprendi que
refletir antes de algumas atitudes evita muitos aborrecimentos, e ferimentos
também. Um tratamento de relacionamentos feridos custa muito mais caro que o
investimento em novos, como jardins. Ainda estou aprendendo, e à duras penas, que
calar é muito, muito precioso. E juntamente com isso tenho aprendido também a
selecionar as minhas boas palavras e sentimentos, e os receptores deles também.
À medida que vou me esforçando a aprender, exercito cada vez mais a
tolerância, embora não seja nada fácil...
Sigo essa década boa da minha vida bem consciente do que não vivi, do
que estou vivendo e do que não só pretendo viver, como do que posso me sujeitar
a viver, tendo planejado ou não e esperado ou não.
Sempre tive minha mente e coração abertos a novas experiências, porém
agora é diferente, essa abertura é cuidadosa embora intensa. As coisas
vão começando a ficar contraditórias quando decidimos abrir o coração e mudar
de ideia, e não é feio mudar de ideia, só muda quem pensa! (já dizia Pascal)
Mas contraditórias, por quê? Porque conforme a gente vai crescendo
passamos a gostar de algumas coisas que não gostávamos antes, freqüentar lugares
que resistíamos ir, variar a leitura e até os hábitos. Exemplo disso é ter
detestado chocolate branco a vida toda, e agora descobrir uma paixão por ele,
que na verdade acho que já era latente.
Essas mudanças tornam-se naturais, e não são ruins. E sigo mudando de ideia, e sempre, e uma vez mais...
E o bom de crescer é que a gente sorri das coisas bobas que nos fizeram
mal um dia, não eram bobas na época, mas quando crescemos tiramos a famosa lupa
que usamos por tanto tempo, ampliando tanta coisa pequena. E sorrir de nós
mesmos é tão saudável (e engraçado), e alivia na gente aquela dor que a
maturidade também nos causa, afinal, crescer dói!
É tão simples e normal ser feliz, e é isso que devemos buscar todos os
dias. Ser feliz e fazer pessoas felizes; doar; amar ao próximo e tentar tornar
leve os dias. Costumo sempre dizer que a vida é muito curta para se tomar cafés ruins, então, vamos ser felizes minha gente!
Não sei o que o destino me reserva, mas sei nas mãos de Quem ele está, e
sigo feliz, escrevendo e distribuindo amor por onde passo, pois entendo a
tamanha semeadura que é a minha vida e pretendo colher muitas coisas boas
adiante.
Beeejo!
Soninha
Nobre