domingo, 17 de fevereiro de 2019

NÃO DESCARTE PESSOAS



Final do ano passado foi uma péssima hora para deixar a Marie Kondo entrar na minha vida. Bastou maratonar 1 temporada inteira em pouco mais de 1 dia, durante o recesso de final de ano, que as coisas nunca mais foram as mesmas. Qualquer baguncinha à vista e a organização começava. E tem sido assim. Sem neurose ou exagero, segui mantendo algumas coisas organizadas, e tentando fazer com que as pessoas à minha volta também mantivessem essa linha de organização, para que a rotina seguisse menos cansativa. Acontece que em uma dessas organizações, dei uma geral no meu guarda-roupas e separei várias peças que não me serviam mais. Foram 2 sacolas cheias. 2 sacolas cheias de roupas para o descarte. Cada uma delas me trazia uma lembrança, seja de onde vieram, de ocasiões que me marcaram, e do afeto envolvida naquela peça. A organização chegou ao fim, e durante alguns minutos de descanso, bastou algumas “voltas” pelo Instagram percebi que, da forma como descartei algumas roupas que não me serviam mais, algumas pessoas descartam pessoas, e pela mesma razão. As relações humanas tem em si um requinte de crueldade, a partir do momento que começa-se a tratar pessoas como objetos, como roupas, por exemplo. Será que ao descartar pessoas, as outras costumam pensar nos momentos que essas as fizeram viver? Pelos momentos bons, marcantes, ou até mesmo pelo tempo em que usá-las, lhes serviu? Já pararam para pensar nisso? É um pouco assustador. Nas relações profissionais, nas amizades e até mesmo nos amores. Quão estranho é simplesmente descartar alguém. Não se aplica àqueles casos em que pessoas se afastam naturalmente, seja pelas circunstâncias comuns em que caminhos distintos sejam traçados (uma nova oportunidade de emprego, uma mudança geográfica, um afastamento natural). O descarte é cruel. É acordar e simplesmente se dar conta de que não serve mais para aquela outra pessoa, ou aquele meio; é perceber que as relações eram pautadas apenas no benefício que poderia proporcionar, benefícios esses que você, inocentemente, nunca havia levado em consideração; é, pior, se dar conta de que o conceito de relacionamento que temos está longe da realidade dos muitos com que mantínhamos algum vínculo.


O descarte é, mais uma vez, cruel.

Com roupas, livros, brinquedos ou objetos, o natural é que se passe adiante para que outras pessoas possam fazer bom uso delas. A regra é: o que não me serve mais, estando em boa condição de uso, pode servir a outras pessoas. Mas, o que as pessoas fazem com as pessoas que elas descartam? Passam adiante para serem usadas por outras? Não. Elas as jogam fora. E essas, encontrando-se nesse “fora” em que são jogadas, decidem como prosseguir, se sofrem pelo descarte, ou se querem recomeçar, seguindo acreditando que atitudes como essas não são regras, e sim, ações de pessoas que não merecem ter o que elas têm de melhor a oferecer, seu coração.

Meu conselho a você hoje é: se for decidir entrar na onda da Marie Kondo, e dar uma “geral” na sua vida, descartando o que não te serve mais, decida fazer isso com os sentimentos que não te fazem bem, com as lembranças ruins e com os hábitos que não trazem alegria ao seu coração. Mas, em hipótese alguma descarte pessoas. A não ser que essas façam despertar o que de pior há dentro de você (pois cada um de nós temos sim algo ruim), ou te tratem da forma que você não merece ou não permitam que você seja feliz. Essas pessoas, pode sim descartar, desde que elas saibam o porque de estarem sendo descartadas da sua vida. Mas, caso contrário, não descarte pessoas. Elas não são objetos. Elas não estão na sua vida para serem usadas. Se você tem um amigo querido que tem um dom especial ou uma habilidade, que maravilha, que sorte a sua! Mas se você tem um amigo querido que não tem habilidade nenhuma, que não sabe fazer nada além de dar umas boas risadas e te acompanhar naquela taça de vinho, que maravilha, que sorte a sua também! Ambas, com algo a oferecer, ou não, tem um coração. Pense nele antes de tratá-lo como objeto!

Boa sorte na organização de suas gavetas, da sua estante de livros, no baú de brinquedos, no seu guarda roupas ou na sua vida! Descarte sim os objetos. E quanto às pessoas? Trate-as como você gostaria de ser tratado.

Beeejo

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